José Luis Zapatero mostrou, desde que é chefe do governo espanhol, que não hesita, quando se trata de proceder a remodelações governamentais. Acaba de fazer mais uma. A sexta remodelação desde Marco de 2004.
Não foi um câmbio cosmético. Vários ministros importantes foram substituídos, para sua grande surpresa. Um deles foi Miguel Angel Moratinos, que estava há seis anos e meio à frente dos assuntos exteriores.
O novo governo irá, se não for mudado antes, preparar as eleiçõesde 2012. Serão eleições muito difíceis para o PSOE.
Para já, a nova equipa vai reforçar a comunicação social, a informação pública, trabalho que caberá ao novo homem forte, Alfredo Pérez Rubalcaba, a coordenação interministerial e o combate ao terrorismo, visando sobretudo a ETA. É um governo com menos titulares e de austeridade.
Num total de 16 elementos, incluindo Zapatero, 7 são mulheres. Para além de Elena Salgado, que ocupa a pasta de segunda vice-presidente do governo, bem com das finanças, uma outra está nos assuntos exteriores e outra na defesa. São postos de grande importância.
Nos últimos dias, o Presidente americano passou algum tempo ao telefone. Teve uma longa conversa com Angela Merkel, para a convencer a aceitar o pacote de medidas de apoio à Grécia. Falou com o Presidente francês, este fim-de-semana, para que acelerasse o processo de aprovação do fundo de monetário de estabilização do euro. Esteve, ontem, em linha com Zapatero, para que não continuasse a haver dúvidas sobre a preocupação com que Washington vê a situação espanhola e o potencial destabilizador que representa. Felicitou David Cameron. Aproveitou para mencionar a importância que os americanos dão a uma contenção fiscal na Grã-Bretanha.
Depois de cada chamada, houve resultados concretos. A Alemanha decidiu alinhar-se com os outros, na ajuda urgente à Grécia, apesar dos custos eleitorais elevados para a coligação no poder, em Berlim. Sarkozy anulou a viagem a Moscovo, ficou a liderar a criação do fundo de emergência. Em Espanha, as medidas anunciadas, hoje, pelo governo respondem ao apelo de Barack Obama. A coligação em Londres está a enviar sinais positivos aos mercados, apesar de uma situação económica preocupante.
Duas lições a tirar de toda esta movimentação: os Estados Unidos compreendem a dimensão internacional da crise europeia; o impacto que pode ter sobre outras grandes economias; segunda conclusão, a voz de Obama pesa muito nas capitais da Europa.
E, Lisboa, no meio de tudo isto? Esta poderia ser a terceira lição.