Tempo de mudança
Às oito da noite, o meu vizinho do lado direito sai à rua, com o seu acordeão e toca uma ou duas músicas para todos nós, os outros vizinhos. Saímos à rua, cada um no seu espaço, para aplaudir os profissionais de saúde em geral e a mulher do acordeonista, em especial, que é médica de cuidados de urgência. Como os dias têm estado bons, este é um momento de convívio, ao fim de um dia de isolamento, numa quarentena que já vai longa e que ainda vai continuar mais uns tempos. A rua é composta por vivendas, temos a impressão de estar na aldeia, sentimento que o acordeão ainda acentua mais. Na realidade, estamos numa zona central da cidade, a poucos minutos de carro das instituições europeias. Viver no campo, dentro da cidade, é um privilégio. Que para nós, acaba no final deste mês, depois de dezenas de anos de ligação à casa que agora irá ficar para trás. Mudanças, mudanças e andanças, diria o outro.