Um "Expresso" à deriva
As 81 – sim, leram bem, 81 – perguntas que o semanário Expresso pretende submeter à consideração de José Sócrates são um absurdo jornalístico. Como se pode compreender que um jornal queira fazer dezenas e dezenas, quase uma centena, de perguntas a um só entrevistado? Irão publicar um livro, com as respostas? Um calhamaço? Na vastidão dessas perguntas há de tudo. Do importante ao trivial, assuntos ligados às acusações misturados com outros que têm apenas que ver com questões processuais. Sem contar que várias perguntas contêm mais do que uma questão e estão formuladas de uma forma enviesada.
A entrevista que o Expresso quer fazer revela que o semanário anda à deriva. Falta-lhe profissionalismo, foco, pertinência. Acima de tudo, bom senso. Mostram também que é um jornal à procura do protagonismo perdido.
Infelizmente, o projecto de entrevista vem apenas confirmar a tendência e apetência para a mediocridade profissional, um mal que invadiu as colunas editoriais e de opinião desse periódico. Veja-se quem escreve regularmente no Expresso, veja-se os nomes que foram recentemente acrescentados à lista dos colunistas habituais e entende-se a falta de qualidade, de direcção, de seriedade e de profundidade.
Andam ao papel. É a preocupação em vender papel.