Um Portugal mais interveniente
Não se trata de saber qual é o armamento de que se dispõe. Também não tem que ver com um noção convencional da diplomacia, a que procura agradar a gregos e a troianos e não fazer qualquer tipo de ondas. “Soft power” significa que o país tem capacidade para influenciar os outros, sem qualquer tipo de recurso à força ou à ameaça do seu uso. Tem muito que ver com a imagem exterior que o país projecta, com o seu prestígio internacional, e com o seu apetite para desempenhar um papel activo na procura de soluções para as grandes questões que afectam a paz e a segurança aqui e acolá, ou numa qualquer região do globo.
É verdade que temos estado a assistir ao regresso da política da força. A força num sentido amplo, abrangente, com várias facetas, não apenas a militar. Mesmo assim, as soluções baseadas nos valores da paz, do respeito entre as nações, da conjugação de interesses, continuam a merecer um lugar de destaque na diplomacia internacional. E a serem reconhecidas como a via para respostas duráveis a crises profundas.
A Noruega tem sido um excelente exemplo da utilização inteligente do “soft power”. Pesa muito mais na cena mundial do que o seu tamanho e isolamento geográfico deixariam pensar. É um actor credível e ousado, na resolução de conflitos e na procura de respostas às grandes questões dos nossos tempos.
Nós também o poderíamos ser. Precisaríamos de ultrapassar o paroquialismo que nos fecha na nossa aldeia mental, cultivar a imagem exterior de Portugal e ousar. Teríamos muito a ganhar com uma aposta desse género.