Um Presidente desfocado
Graças à página da Presidência da República, consegui ver e ouvir o discurso de Cavaco Silva relativo às comemorações do 5 de Outubro. Na minha opinião, o discurso peca por ser demasiado longo, mais de 16 minutos, por ser vago e por ser um saltitar de temas, sem foco nem clareza.
Na impossibilidade de fazer mais do que isso, o que seria de facto a medida mais apropriada, eu teria pelo menos avançado com rescisão de contrato do “speech writer” da presidência. É que não se pode, nas circunstâncias graves que o país vive, ter um discurso que evolui em círculos e que nada diz que possa ser visto como um conselho para o futuro. Ora, esse é o papel do Presidente.
Fez-me pensar nalguns colegas que tive. Davam ordens ao seus escrevinhadores de discursos para escrever um, mas sem dar orientações. Os amanuenses da palavra em vez de pedir ideias ao chefe e mensagens concretas, tentavam adivinhar o que poderia ter algum interesse. Acabavam por escrever arrazoados que tocavam em toda uma série de matérias mas que não tinham uma linha directriz. Eram uma espécie de rede do arrasto.
Assim terá acontecido desta vez. Um arrastão com as redes vazias, para além de uns peixes que ninguém quer.