Viva a bagunça
A confusão que reina no topo da administração do Banco Espírito Santo (BES) revela, uma vez mais, que uma certa elite portuguesa acha que pode fazer o lhe der na real gana, incluindo com o dinheiro dos outros. Acha e acha bem, pois a verdade é que nada lhes acontece, quando se sabem as verdades. Não há investigação criminal, ninguém é arguido de nada, não se responsabiliza quem quer que seja.
Por isso dizia hoje, em Bruxelas, ao saber que o director para a Bélgica do banco suíço UBS fora detido esta manhã, acusado de branqueamento de capitais, ajuda à fuga fiscal de modo organizado e outras amabilidades que tinha como hábito fazer aos grandes clientes da casa, que o fulano foi burro. Depois de vários anos a ganhar comissões chorudas pela prática desses actos, deveria ter emigrado para o Sol de Portugal, para se aproveitar dos nosso ares e dos brandos costumes que protegem quem tem muito poder económico ou influência política.
E à hora a que escrevo, o nosso banqueiro belga viu a sua prisão preventiva confirmada. No mesmo momento em que os administradores do BES foram combinar umas coisas com o Governador do Banco de Portugal, para que tudo seja resolvido entre cavalheiros.
Temos um país que sabe que a bagunça é uma forma muito sublime da liberdade.